segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

HOMILIA DE DOM DARIO CAMPOS NA MISSA DE ENCERRAMENTO DA ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL

Estamos chegando ao início de nossa Assembleia. Porque falo em início? Vou tomar emprestado um pensamento de São Francisco de Assis.

São Francisco, no final de sua vida, os frades queriam escutar e gravar no coração e na mente, as suas últimas palavras, e eis o que ele disse: “Meus irmãos, até agora, pouco ou nada fizemos, vamos começar tudo de novo”. Vamos começar!

Penso que está sendo muito boa a nossa estádia aqui, vamos ter saudade da nossa convivência.

Quero agradecer a todos e todas convocados, não quero falar nomes, e ao nosso assessor.

Mas a nossa Assembleia nos impulsionou para frente e convida a cada um de nós a sair em Missão, essa é a grande tarefa da Igreja e de cada um de nós. “Sair” parece ser o mais difícil e inusitado para nós, que vivemos em uma região que foi catequizada pela longa tradição Católica de só receber. O que quero dizer:

A Nossa prática pastoral é pôr-nos a disposição do serviço pastoral na paróquia, na comunidade eclesial e ali atender a quem vem. Temos dificuldade de “sair” em busca de quem nunca veio ou de quem não vem mais. Há um trabalho imenso de nova evangelização a ser feito com aqueles que nós batizamos e que se gastaram ou nunca participaram de verdade, bem como daqueles que nunca foram evangelizados e batizados (a gente cria muita burocracia). A colheita está madura e corre o risco de se perder.

A nossa Assembleia nos mostrou que devemos estar atentos à formação permanente e essa deve ser algo contínuo em nossa vida. Essa não pode e não deve parar.

Isso pode nos levar a seguinte pergunta, se o homem e a mulher da cultura pós-moderna, das sociedades mais avançadas, ainda saberão abrir-se ao Kerigma cristão? A resposta deve ser afirmativa. O Kerigma pode ser compreendido e acolhido por qualquer ser humano, em qualquer tempo ou cultura. Mesmo os ambientes mais intelectuais ou mais simples podem ser evangelizados. Devemos crer que até os chamados pós-cristãos podem de novo ser tocados por um encontro com a pessoa viva de Jesus de Nazaré.

Nessa caminhada não podemos perder de vista aquela que vai a nossa frente, a Virgem Maria, modelo e intercessora. Ela, cheia de graça, levou e apresentou o Senhor ao mundo e continua pelos séculos afora, a mostrar aos seres humanos, peregrinos na história, o rosto de Jesus de Nazaré, para que Ele nos introduza na comunhão eterna com Deus, Uno e Trino.

Isaías coloca nessa primeira leitura uma espécie de oração, onde se clama a Deus pedindo que ele não deixe os filhos seus se desviarem do caminho. Creio que essa deve ser também a nossa preocupação, neste tempo são muitas as coisas que nos desviam do caminho.

O profeta questiona a Deus, perguntando por que ele permite que o nosso coração se endureça, porém não é Deus que permite a dureza de nosso coração, somos nós que, pela insensibilidade, falta de fé e tantos outros fatores, vamos nos permitindo que ele fique petrificado. Por isso, nada melhor do que termos um tempo que nos conduza a uma avaliação, revisão de vida, uma assembleia que nos provoque para fazermos mudanças.

A segunda leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios também fala de preparação. O Apóstolo manifesta a sua alegria por ver uma comunidade que caminha nos caminhos de Deus, sempre pronta a viver os seus ensinamentos e reparar os erros. Que alegria Deus sente por nós quando nos vê unidos em comunidade, preparando a sua chegada, na alegria que isso representa.

Uma espera que se dá no testemunho, na ação, no comprometimento. Nisso consistem os motivos da alegria de Paulo nessa carta dirigida à comunidade de Corinto. Uma comunidade, que como diz uma canção popular, sabe fazer a hora e não espera acontecer.

O Evangelho nos coloca na vigilância. Vigilância consiste em preparação. Quem se prepara dá sinal de que está atento e portanto vigilante. Por essa razão, neste tempo de preparação para o Natal, temos que ter o cuidado de nos prepararmos adequadamente.

Esse é um tempo especial de serviço, de dar o melhor de nós, nos capacitando e nos preparando para o Advento do Senhor Jesus. É, portanto, um serviço de preparação para a chegada do Senhor que vem no Natal. É tempo de acolhimento, somente assim a Igreja e nós, que somos Igreja, estaremos cumprindo o papel de missionários, promotores do Reino de Deus que vem com o Advento de seu Filho Jesus, mas que não sabem o dia e a hora. Portanto, prestemos atenção, estejamos vigilantes, é o Advento do Senhor. Vamos testemunhar sem desanimar, pois as ações de Jesus se prolongam nas nossas ações; “Eis um tempo de conversão, eis o dia da salvação”, eis o nosso desafio deste tempo litúrgico de preparação para o Natal.

Por fim, a nossa Assembleia também voltou a sua reflexão para o social, para o cuidado com os nossos irmãos menos favorecidos.

E ao tratar da dimensão social da evangelização no capítulo IV da Exortação Apostólica o Papa Francisco inicia com uma afirmação que diz tudo: “Evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (176), pois o Mesmo não é apenas uma realidade espiritual, mas atinge o ser humano em todas as suas dimensões, de tal modo que afirma mais adiante: “Deus em Cristo não redime somente a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os homens” (178).

Quero agradecer a cada um, cada uma, o que vocês tem feito até aqui para colocar a nossa diocese nesse processo de Assembleia. “Vamos começar tudo de novo”, isso é Graça de Deus.

Vejo aqui o que nos diz nosso Papa Francisco. Ele caminha numa linha de Aparecida para uma reforma das estruturas, as quais devem ser “mais missionárias” (27) “há estruturas eclesiais que podem chegar a condicionar um dinamismo evangelizador” (26). E afirma incisivamente: “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária” (32).

Observemos que o Documento de Aparecida, no qual o nosso papa teve influência direta como presidente da Comissão de Redação, acolhe o ensinamento conciliar, reconhece os leigos e leigas como “verdadeiros sujeitos eclesiais”, interlocutores competentes entre a Igreja e a sociedade (497).

Que bom seria se nós pudéssemos dar mais um passo com as nossas comunidades eclesiais de base. Despertá-los para uma formação mais adequada para vir aumentar a vocação ministerial, isto é: Ministro do Batismo, do Matrimônio, etc. Temos já ganhos.

Temos que levar dessa nossa Assembleia o aspecto da simplicidade, da fraternidade, da comunhão, da partilha, ou seja, o nosso modo de ser Capixaba, aqui no Sul do estado. No aspecto geográfico, ajudar a nossos irmãos a melhorar a sua qualidade de vida.

Temos que motivar cada um de nós ao cultivo da alegria do evangelho, pela nossa adesão a essa Igreja pelo nosso batismo que amamos.

Que a Eucaristia que estamos celebrando nesse início da nossa missão nos leve a voltar as nossas comunidades por outro caminho; como fizeram os reis magos.

Desejo a todos e todas, desde já, um Santo Advento. Que Jesus de Nazaré possa nascer em cada coração, em cada lar, em cada Comunidade Eclesial de Base da nossa diocese.

E viva o Povo de Deus presente na nossa diocese!

Amém.


Fonte: Site Oficial da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim

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