domingo, 31 de dezembro de 2017

PAPA PRESIDE PRIMEIRAS VÉSPERAS COM O CANTO "TE DEUM"

“Nesta atmosfera criada pelo Espírito Santo, nós elevamos a Deus a ação de graças pelo ano que termina, reconhecendo que todo o bem é um presente seu".

Ao presidir na Basílica de São Pedro no final da tarde deste 31 de dezembro as primeiras Vésperas da Solenidade da Mãe de Deus, com a adoração ao Santíssimo Sacramento e o canto do Te Deum, o Papa Francisco agradeceu pelo ano que passou, recordando que Maria é “a primeira a experimentar esse sentido de plenitude doado pela presença de Jesus.

«Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho»

“Esta celebração vespertina – disse o Pontífice ao iniciar - respira a atmosfera da plenitude do tempo. Não porque estamos na última noite do ano solar, não é isso, mas porque a fé nos faz contemplar e sentir que Jesus Cristo, Verbo encarnado, deu plenitude ao tempo do mundo e à história humana”.

«Nasceu de uma mulher»

E “a primeira a experimentar esse sentido de plenitude doada pela presença de Jesus foi a “mulher” da qual Ele nasceu. A Mãe do Filho encarnado, Theotokos, Mãe de Deus. Através dela, por assim dizer, brotou a plenitude do tempo: através de seu coração humilde e cheio de fé, através de sua carne toda impregnada do Espírito Santo”.

Dela a Igreja herdou e continuamente herda essa percepção interior da plenitude, que alimenta um sentido de gratidão, como única resposta humana digna do dom imenso de Deus.

Uma gratidão pungente, que, partindo da contemplação daquele Menino envolto em faixas e colocado numa manjedoura, se estende a tudo e a todos, ao mundo inteiro.

É um “obrigado” que reflete a Graça; não vem de nós, mas d'Ele; não vem do eu, mas de Deus, e envolve o eu e o nós.
Nesta atmosfera criada pelo Espírito Santo, nós elevamos a Deus a ação de graças pelo ano que termina, reconhecendo que todo o bem é um presente seu.

Também este tempo do ano de 2017, que Deus nos havia dado íntegro e saudável, nós humanos de muitas maneiras o desperdiçamos e ferimos com obras de morte, com mentiras e injustiças. As guerras são um sinal flagrante desse orgulho persistente e absurdo.

Mas também o são todas as pequenas e grandes ofensas contra a vida, a verdade, a  fraternidade, que causam diversas formas de degradação humana, social e ambiental. Por tudo isto queremos e devemos assumir, diante de Deus, dos irmãos e da Criação, a nossa responsabilidade.

Mas nesta noite prevalece a graça de Jesus e seu reflexo em Maria. E prevalece por isto a gratidão que, como Bispo de Roma, sinto na alma pensando nas pessoas que vivem com o coração aberto nesta cidade.

Experimento um sentimento de simpatia e gratidão por todas as pessoas que a cada dia contribuem com pequenos mas preciosos gestos concretos  ao bem de Roma: procuram cumprir da melhor maneira o seu dever, deslocam-se no trânsito com critério e prudência, respeitando os lugares públicos e assinalam as coisas que não estão bem, estão atentas às pessoas idosas ou em dificuldades, e assim por diante.

Esses e outros mil comportamentos expressam concretamente o amor pela cidade. Sem discursos, sem publicidade, mas com um estilo de educação cívica praticada no dia-a-dia. E assim, cooperam silenciosamente para o bem comum.

Da mesma forma, sinto em mim uma grande estima pelos pais, os professores e todos os educadores, que com este mesmo estilo, procuram formar as crianças e adolescentes ao sentido cívico, a uma ética da responsabilidade, educando-os para sentirem-se parte, a cuidar, a se interessarem pela realidade que os circunda.

Essas pessoas, mesmo que não sejam notícia, são a maior parte das pessoas que vivem em Roma. E entre elas, muitas se encontram em condições econômicas precárias, e mesmo assim, não ficam lamentando, não cultivam ressentimentos e rancores, mas se esforçam para fazer a cada dia a sua parte a fim de melhorar um pouco as coisas.

Hoje, ao dar graças a Deus, convido todos a manifestar um reconhecimento a todos esses artesãos do bem comum, que amam a sua cidade, não com palavras, mas com os fatos”.

Fonte: Vatican News

sábado, 30 de dezembro de 2017

CONDIÇÕES PARA SE OBTER A INDULGÊNCIA PLENÁRIA NO DIA 31 DE DEZEMBRO

A Santa Madre Igreja concede Indulgência Plenária a todos os fiéis que rezarem o Te Deum no último dia do ano sob as seguintes condições: ter se confessado antes da Missa, e ter participado da mesma e rezar no final a oração do Te Deum.

Disponibilizamos aos nossos leitores o Te Deum, hino de ação de graças cantado tradicionalmente dia 31 de dezembro pelos benefícios recebidos no ano que termina.

Lembramos que a Igreja concede Indulgência Plenária a todas as pessoas que, em comunidade, nas igrejas e oratórios públicos ou semipúblicos, rezarem ou cantarem o Te Deum em ação de graças no último dia do ano civil (cf. Enchir. Indulgentiarum, n. 60).

Letra em Latim:

Te Deum laudamus
te Dominum confitemur.
Te æternum Patrem omnis terra veneratur.
Tibi omnes Angeli; tibi cæli et universæ Potestates;
Tibi Cherubim et Seraphim incessabili voce proclamant:
Sanctus, Sanctus, Sanctus,
Dominus Deus Sabaoth.
Pleni sunt caeli et terra maiestatis gloriæ tuæ.
Te gloriosus Apostolorum chorus,
Te Prophetarum laudabilis numerus,
Te Martyrum candidatus laudat exercitus.
Te per orbem terrarum
sancta confitetur Ecclesia,
Patrem immensæ maiestatis:
Venerandum tuum verum et unicum Filium;
Sanctum quoque Paraclitum Spiritum.
Tu Rex gloriæ, Christe.
Tu Patris sempiternus es Filius.
Tu ad liberandum suscepturus hominem,
non horruisti Virginis uterum.
Tu, devicto mortis aculeo,
aperuisti credentibus regna cælorum.
Tu ad dexteram Dei sedes, in gloria Patris.
Iudex crederis esse venturus.
Te ergo quæsumus, tuis famulis subveni:
quos pretioso sanguine redemisti.
Æterna fac cum sanctis tuis in gloria numerari.
Salvum fac populum tuum, Domine,
et benedic hereditati tuæ.
Et rege eos, et extolle illos usque in æternum.
Per singulos dies benedicimus te;
Et laudamus Nomen tuum in sæculum, et in sæculum sæculi.
Dignare, Domine, die isto sine peccato nos custodire.
Miserere nostri Domine, miserere nostri.
Fiat misericordia tua, Domine, super nos,
quemadmodum speravimus in te.
In te, Domine, speravi:
non confundar in æternum.


Letra em português

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.

A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,
Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,
e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.

Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.

Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:

Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!


Como surgiu o Te Deum? Qual o seu significado?

Quem responde é Dom José Palmeiro, abade emérito do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro.

“É um hino muito antigo, alguns atribuem até a Santo Ambrosio, Santo Agostinho, não é certo, mas já no século VI, São Bento mencionou o Te Deus. É um hino de louvor a Deus, de agradecimento. Este nome vem por causa das palavras iniciais, Te Deum laudamos, “a vós ó Deus louvamos”, e tem um sentido trinitário porque menciona três pessoas, fazendo com que nós nos unamos aos anjos quando dizem “A Ti todos os Anjos, a Ti os céus, e todas as potestades, a Ti os querubins e os serafins aclamam”. 

“Então nos unimos à aclamação dos anjos a Deus, “Santo santo santo” - como na missa. É uma melodia muito bonita. Com este canto, também pedimos que venhas em socorro de teus servos. “Faze que com os teus santos sejamos levados à glória eterna”.

“Aqui no mosteiro nós cantamos na noite do dia 31, no final da vigília. Não é popular como já o foi. Antigamente era comum; por exemplo, na história do Brasil, vemos que Dom João VI chegou ao Brasil e logo após desembarcar foi para a catedral e lá houve o canto do Ter Deum. Dom Pedro, I Dom Pedro II visitavam as cidades e eram recebidos com o canto do Te Deum. Não se celebravam missas, mas o Te Deum. Era incrementado por uma homilia, por algum canto, por uma celebração litúrgica. Isso no século XIX, depois se perdeu. Hoje em dia é prescrito para o Ofício Divino aos domingos e festas e solenidades; é o equivalente ao Glória da Missa. Há uns anos atrás, Paulo VI e JPII iam à igreja dos jesuítas, Igreja do Jesus, em Roma, no último dia do ano e dirigiam o Te Deum. Muitas vezes o Te Deum se faz durante a exposição do Santíssimo Sacramento”.

REFLEXÃO PARA FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

Padre César Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano
O perdão dos pecados acontece por causa de uma atitude de amor para com os pais, pois o lar, Igreja doméstica, voltou a ser o local do encontro com Deus.
A misericórdia em todos os relacionamentos, mas especialmente para com os pais, está em referência ao próprio Deus que é o Pai por excelência. Portanto, honrar os pais, respeitá-los, é prestar culto a Deus.
Tanto a primeira leitura quanto a segunda, da liturgia de hoje, não escondem as falhas no relacionamento familiar e humano, mas nos dizem que o importante aos olhos de Deus não está em ser sem defeitos, em ter uma família perfeita, mas sim na capacidade de amar sem medidas, apesar dos limites e das falhas pessoais. Claro que Deus deseja que sejamos perfeitos, mas mais importante para Ele é que nos amemos e nos perdoemos como Ele nos amou e nos perdoou, sem limites, sem restrições.
Dentro desse pensamento sobre o relacionamento familiar, será importante refletir sobre a realidade da família deste início de século, onde e como vive. Certamente a maioria mora em grandes centros urbanos e é constituída pelo casal e por um ou dois filhos. Um terceiro já faz considerá-la família numerosa.
Também a mãe trabalha fora e pais e filhos se encontram à noite, cansados, muitas vezes diante da televisão, ou durante o jantar. Se isso acontece já poderão se classificar felizes, pois em outros lares, muitas vezes quando pais saem para o trabalho, os filhos ainda dormem e quando voltam eles já estão deitados. O encontro, nesse caso, só se dá no final de semana.
Rezar juntos, passar para os filhos a vivência de uma oração em família, mesmo que seja apenas à mesa, só excepcionalmente, pois em muitos casos, para que possam descansar, não cozinham em casa e vão comer fora, em um restaurante ou na casa de parentes ou de amigos.
É difícil passar valores, enfim, formar os filhos. A sociedade pós moderna penetra em suas entranhas e é muito custoso prepará-los para o futuro, para que sejam filhos e irmãos como Deus quer. Só com a graça divina e com a disposição dos pais para uma autêntica renúncia e sacrifico.
Renúncia aos apelos de dar aos filhos tudo o que a sociedade consumista coloca como valores e que os pais enxergam como coisa boa e vantajosa. É preciso renunciar fazer do filho ou da filha pessoas como nos pede o elitismo, relativizar seus códigos. É preciso questionar os valores propostos por ela e crer nos do Evangelho.
Cabe a pergunta: formo minha família para ser cidadã deste mundo ou para ser cidadã do Reino de Deus, mas neste mundo? Jesus rezou ao Pai dizendo que não queria que nos tirasse do mundo, mas nos preservasse do mal.
Sacrifício: sacrificar significa tornar sagrado. Meu filho, minha filha, são do mundo ou de Deus? O batismo os retirou do paganismo e os fez filhos de Deus, sagrados. Respeito a senhoria de Deus sobre eles ou sou conivente com as solicitações consumistas e mundanas?
 A imagem da Família de Nazaré como família migrante e pobre nos obriga a refazer a imagem da família atual, retornando às origens e aos valores, ou seja, a abundância de bens materiais não é necessária para ser feliz e amar a Deus e ao próximo.
É importantíssimo não só a simplicidade de vida, mas sobretudo é fundamental a convivência afetiva e efetiva, além do respeito aos idosos como gratidão e como referência à sua experiência de vida que porta sabedoria e os referenciais da autêntica tradição.
A Família de Nazaré nos ensina a cristianizar a família pós-moderna, recolocando Deus no centro e n’Ele reencontrando a verdadeira felicidade.
Fonte: Vatican News