domingo, 30 de janeiro de 2011

CARTA DE DOM DÉCIO SOBRE O FALECIMENTO DE FREI JOÃO ECHÁVARRI

Colatina,24 de janeiro de 2011.

Estimado Povo de Deus,

Soube com atraso do falecimento de meu querido pai espiritual e amigo Frei João Echávarri. Na impossibilidade de fazer-me pessoalmente presente garanto-lhe as missas que rezarei pelo descanso eterno de sua preciosa alma e deixo-lhes este depoimento pessoal:

“Frei João foi e é uma destas manifestações exuberantes da presença de Deus no meio de nós. Sangue bem espanhol basco, mente criativa, coração generoso, perene alegria. Nós crianças adorávamos sua presença. Nem entendíamos bem seu sotaque castelhano mas entendíamos totalmente seu coração de bondade, sua alegria, seu olhar de simpatia, seu carinho respeitoso. Tínhamos medo da confissão mas com ele, não. Íamos confessar com alegria e interesse. Sabíamos que encontraríamos um pai que conhecia cada criança pelo nome e nos perguntava sobre nossos pais. Em minha infância tinha o apelido de “preto” por causa da pele chamuscada pelo sol. Era sentar no genuflexório do confessionário e sentir o dedão do Frei João meter-se pela telinha furada e dizer: “preeeto”. E os pecados de sempre logo apareciam ajudados por ele. Tenho saudades deste pai.

Para mim como salesiano é um indicativo bonito ele estar sendo enterrado no dia em que a Igreja faz a memória de Francisco de Sales. Como ele Frei João era profundamente homem e profundamente homem de Deus. Estimava as coisas bonitas que Deus colocou no mundo, fazia crescer as verdadeiras amizades, entrava com tudo nas alegrias das coisas simples, identificava-se com as diversas culturas, amava os pobres. Jamais vamos esquecer a santidade de suas celebrações mas também não esqueceremos as exclamações festivas ao redor de uma mesa da “mora” ou “moretina” ou enturmando-se com os jogadores de “bocha” ou extravasado sua alegria nas rodas de amigos. Ao contemplar Jesus percebemos como Ele traduziu em seu caminhar, nas alegrias e tristezas, o rosto amoroso de Deus . Assim Frei João. Para mim foi e continua sendo o modelo melhor do sacerdote e religioso querido pelo Concílio Vaticano II. Ele antecipou em sua vida uma Igreja onde as “alegrias e esperanças do mundo de hoje” (Gaudiu et Spes) se aninham no âmago de seu coração. Considero o Frei João o retrato do santo moderno. Que ele do céu olhe pela família agostiniana que tanto amou, olhe por toda esta Igreja que precisa urgentemente multiplicar sacerdotes com seu estilo de vida, olhe por mim que muito preciso de sua ajuda. Nossa Senhora da Consolação o acolha no céu onde crescerá a festa, a alegria da vida em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.”

D. Décio Sossai Zandonade
Bispo diocesano de Colatina

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