terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Nicolás Pérez-Aradros: “Os leigos são os protagonistas da Igreja em nossas paróquias”

Os agostinianos recoletos do Brasil que formam a província de Santa Rita de Cássia elegeram, dia 14 de janeiro, a Nicolás Pérez-Aradros Rubio como seu superior provincial para os próximos quatro anos. O prior geral, Miguel Miró, viajou de Roma a Franca (São Paulo, Brasil) para animar os religiosos a uma participação ativa no processo de revitalização e reestruturação da Ordem.

Nicolás Pérez-Aradros (1956, Arnedo, La Rioja, Espanha) ingressou no seminário menor com dez anos. Foi passando pelas distintas casas de formação da Ordem na Espanha: Lodosa (Navarra), Valhadoli, Fuenterrabia (Guipúzcoa). Em 1975 professou os votos de castidade, pobreza e obediência em Monteagudo (Navarra), depois do ano de noviciado. Cinco anos depois e após terminar os estudos de teologia, recebeu a ordenação sacerdotal em Marcilha (Navarra).



Brasileiro da Espanha

P. Dizem que você é um brasileiro nascido na Espanha. Há quantos anos você está no Brasil e em que lugares já trabalhou?

R. Cheguei ao Brasil pela primeira vez dia 1º de fevereiro de 1981, alguns meses depois de minha ordenação sacerdotal, e passei toda minha vida aqui: são mais de 30 anos! Meus primeiros sete anos os passei em Tapauá, na prelazia de Lábrea; depois vim ao Seminário Teológico Santa Mônica, em São Paulo, onde, durante três anos, tive a oportunidade de estudar catequese e liturgia, ajudando na formação dos estudantes de teologia da província de Santa Rita de Cássia. No início de 1991 regressei à Prelazia onde, por seis meses, servi como pároco em Pauiní. Na metade do ano, o Prior Geral me transferiu para a província de Santa Rita de Cássia, e fui residir no seminário menor Santo Agostinho, em Castelo (Espírito Santo); do seminário menor me enviaram para a paróquia Santa Rita de Cássia, em Vitória (Espírito Santo), onde vivi doze anos; e dali me levaram de volta a Castelo, agora como pároco. Em Castelo permaneci os últimos quatro anos.

P. Dia 14 de janeiro de 2012 você foi eleito prior da província brasileira de Santa Rita de Cássia. Que supõe para você esta eleição?

R. Como disse aos religiosos presentes no Capítulo no momento em que fui confirmado como Prior Provincial, o fato de assumir esta missão supõe para mim um chamado à conversão pessoal. É um desafio muito grande. Minha vida toda esteve dedicada ao ministério pastoral e, às vezes, as exigências pastorais nos levam a uma atividade tão intensa que esquecemos um pouco a nossa consagração religiosa como agostinianos recoletos. Agora, como Prior Provincial devo ser o primeiro a viver esta consagração e animar a todos os religiosos da Província neste empenho.

Leigos

P. Que aspectos destacaria da pastoral realizada pelos agostinianos recoletos no Brasil?

R. O fator determinante da pastoral no Brasil é o “protagonismo” dos leigos; é a marca registrada da Igreja Católica no Brasil. A partir desta premissa fundamental vem a organização em Comunidades Eclesiais de Base, a animação missionária, a centralidade da Palavra de Deus que se projeta no estudo da bíblia, nas celebrações dominicais presididas pelos leigos, no compromisso permanente de criar melhores condições de vida para o povo. Nossas paróquias, em linhas gerais, tem a marca da Igreja no Brasil. Quem visita nossas paróquias se surpreende com a presença dos leigos, sua disponibilidade e alegria para servir a Igreja, e o carinho que tem por nós, fruto da atenção e dedicação que lhes damos em nossas paróquias.

Vocações

P. E, ao mesmo tempo, a Ordem vive no Brasil um ressurgir de vocações à vida religiosa.

R. Sim, nos últimos quatro anos foram ordenados nove sacerdotes e três diáconos, e professou solenemente um religioso que não quis ordenar-se. A abundância de vocações é um presente de Deus, ao qual tem contribuído o esforço vocacional daqueles que estavam trabalhando na animação vocacional e nos seminários.


Revitalização

P. A Ordem dos Agostinianos Recoletos está em processo de revitalização. Que objetivos o Capítulo propôs para os próximos quatro anos e como serão realizados?

R. Em sintonia com a Ordem, nosso primeiro objetivo é “revitalizar” a Província priorizando a promoção vocacional e a formação dos religiosos. Ao mesmo tempo, queremos revitalizar a Província “aprofundando nossa identidade carismática, a conversão pessoal e comunitária, a comunhão fraterna e eclesial para cumprir melhor a missão evangelizadora em nossos ministérios”, como reza o objetivo geral de nosso Capítulo. No referente a promoção vocacional e a formação, nossa intenção é colocar à frente religiosos com entusiasmo e que se dediquem de coração a esta missão; de minha parte, estarei sempre acompanhando atentamente a evolução destes trabalhos.
Quanto ao segundo aspecto, deve ser um empenho de todos. A mim, como Provincial, me cabe acompanhar, incentivar e animar os religiosos para que a revitalização seja uma realidade.

P. Que proporia para revitalizar as comunidades da Província e da Ordem?

R. Da perspectiva de nossa província de Santa Rita de Cássia, o processo de revitalização tem que começar pelo empenho no fortalecimento da vida comunitária. É a “união dos corações” que nos levará a viver em espírito de comunhão e fraternidade; a partir daí será mais fácil reestruturar nossos ministérios. Por outro lado, é necessário viver com convicção nosso carisma, para compreender melhor que fazemos parte de um todo: a Ordem dos Agostinianos Recoletos; isto nos ajudará a unir esforços com as outras províncias e, em um futuro não tão distante, reestruturar a Ordem.

Fonte: Notícias oficiais da Ordem dos Agostinianos Recoletos

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